O intuito principal destas publicações é compartilhar informações, ainda pouco conhecidas pela maioria das pessoas, a respeito dos bioprodutos e a contribuição destes produtos para o aumento da disponibilidade de alimentos saudáveis e segurança alimentar em todo planeta. Todo o conteúdo abordado nestas publicações, integrará o conhecimento científico com abordagens e informações relevantes para as empresas e instituições envolvidas diretamente com a biofabricação e comercialização de agentes biológicos no Brasil.
A ideia central desta iniciativa é demonstrar a importância dos insumos biológicos e o seu impacto em nossas vidas. Do consumidor “ainda leigo neste assunto”, passando pelos técnicos e agricultores diretamente ligados ao setor, até o varejo, que está cada vez mais conectado com as práticas empregadas em campo.
Só um consumidor bem informado é capaz de mudar o mundo para melhor
A proposta destas publicações é impulsionar à adesão do controle biológico de forma integrada a outras táticas de manejo adotadas pelo agricultor, mas não podemos parar no campo. É necessário expandir e levar o conhecimento até a gôndola dos supermercados.
Então vamos lá …
ENTENDENDO OS MACROBIOLÓGICOS
Existem dois grupos de agentes biológicos sendo comercializados na forma de bioprodutos ou biodefensivos no país: macrobiológicos (ácaros ou insetos predadores e parasitoides, tais como as microvespas); microbiológicos (bactérias, fungos, vírus e nematoides entomopatogênicos). Vamos começar pelo universo dos macrobiológicos: apesar do termo “macro” esses organismos dificilmente podem ser vistos a “olho nu”.
Seguindo as pistas dadas pelos compostos voláteis, que são aqueles cheiros emitidos pelas plantas como sinal de alerta após o ataque de insetos ou ácaros fitófagos, os macrobiológicos localizam seu alvo, atacam e predam, ou utilizam a vítima como hospedeiro para completar o seu ciclo de desenvolvimento. O processo de busca do predador pela praga acontece, mais ou menos, como o leão persegue e ataca sua presa.
Algumas espécies de predadores são generalistas e outras especialistas, ou seja, algumas alimentam-se de um vasto cardápio na natureza e outras tem o hábito alimentar mais restritivo. Quanto mais específico o hábito alimentar de um candidato ao controle biológico aplicado, melhor! Conhecer o hábito alimentar dos agentes macrobiológicos é fundamental para avaliar a sua eficiência no controle das pragas-alvo e para multiplicá-los com intuito de devolvê-los ao campo na forma de produtos biológicos.
SISTEMAS TRI-TRÓFICOS DE PRODUÇÃO
Os predadores (insetos ou ácaros) são maiores que suas presas, consomem muitos indivíduos para completar o seu ciclo, e são de vida livre, ou seja, não utilizam hospedeiros para completar o seu desenvolvimento.
O processo de multiplicação destes organismos deve preservar sempre o seu comportamento de busca e caça pela presa. Isso dificulta, e muito, a multiplicação destes organismos em laboratório. Por esse motivo, as empresas que produzem esses agentes benéficos, geralmente também são “obrigadas” a multiplicar as presas, insetos ou ácaros fitófagos sobre plantas. Esse sistema que envolve a produção da planta e da presa, para a obtenção dos predadores é conhecido como sistema tri-trófico.
Os bioprodutos que contém os predadores são multiplicados em sistemas tri-tróficos, sendo necessário a multiplicação de cada espécie sobre sua presa natural. Por exemplo, para a produção massal dos ácaros predadores Neoseiulus californicus (Neomip Max) e Phytoseiulus macropilis (Macromip Max) é necessário que sejam produzidas em condições de casa de vegetação plantas e sobre estas o ácaro rajado, que servirá de alimento para os predadores. Um aspecto positivo neste caso é que a presa utilizada no sistema de produção é o mesmo alvo que estes predadores terão que localizar para predar em campo. Caso contrário, se no sistema de produção fosse utilizada uma presa alternativa, ou seja, diferente da praga-alvo em campo, o predador teria que “sintonizar” seu sendo de direção, guiado pelos compostos voláteis emitidos por esse novo alvo.
OS MACROBIOLÓGICOS NÃO CAUSAM DANOS ÀS PLANTAS
É fato que alguns predadores consomem pólen ou néctar de plantas como complemento alimentar. No entanto, os macrobiológicos disponíveis no mercado são carnívoros, ou seja, não se alimentam e não causam danos às culturas. Muito pelo contrário, esses organismos são poderosíssimos aliados dos agricultores, consumindo vorazmente inúmeras pragas sem cessar. Os predadores são multiplicados em processos específicos. Por exemplo algumas espécies como Stratiolaelaps scimitus (Stratiomip), utilizada para o manejo de fungus gnats e tripes, são produzidas em sistemas fechados contendo presas alternativas, nesse caso, ácaros que atacam grãos armazenados. Sistemas como esse permitem a rápida multiplicação dos predadores, porém exigem elevado padrão de qualidade. Por isso, o acompanhamento de profissionais especializados coordenando e executando todo o processo de biofrabricação é fundamental.
ORGANISMOS “BONS DE GARFO”
Os predadores que apresentam baixa especificidade, aquele “bom de garfo” que come de tudo, geralmente não se encaixam em programas de controle biológico aplicado, pois em situações de abundância de presas variadas, não conseguem contê-las de maneira efetiva. Quanto mais específico o macrobiológico, maiores são as chances para transformá-lo em um bom candidato para o controle biológico efetivo.
No entanto, existem algumas exceções à essa regra. O percevejo predador Orius insidiosus (Insidiomip), também conhecido como percevejo pirata, apesar de apresentar comportamento generalista é registrado no Brasil, e em outros países, exclusivamente para o controle dos tripes. A sua eficiência está ligada ao fato de ocupar, usualmente, o mesmo nicho dos tripes, que se escondem nas flores e reentrâncias das plantas. Esse comportamento da praga desfavorece os químicos e favorece o predador generalista.
BIODEFENSIVOS À BASE DE ÁCAROS PREDADORES
No senso comum associamos os ácaros com alergias e danos causados à saúde, ou aos inúmeros prejuízos ocasionados à agricultura. Até aí podemos ter a falsa percepção de que os ácaros são “vilões”, mas essa não é uma regra. Portanto, não precisa se coçar, pois falaremos apenas sobre os ácaros benéficos. Existem diversas espécies de ácaros predadores que contribuem para o controle biológico natural e aplicado na agricultura. Importante ressaltar que esses ácaros não causam danos às culturas e à saúde, pois são completamente adaptados para predação. Atualmente, quatro espécies de ácaros predadores estão registradas para comercialização no Brasil, visando o controle do ácaro rajado, fungus gnats e agora um novo predador (Amblymip) para o manejo de mosca-branca.
AS MICROVESPAS INVADEM OS CULTIVOS
Os parasitoides (insetos) mais comumente utilizados em programas de controle biológico aplicado no mundo são as microvespas, tal como as espécies Trichogramma pretiosum (Trichomip P), Telenomus podisi e Cotesia flavipes, entre outras. Geralmente essas microvespas são menores do que seu alvo, utilizam uma única vítima para completar o seu desenvolvimento e apresentam alta especificidade quanto ao hospedeiro. Essa última característica favorece o uso dos parasitoides em programas de MIP, pois quanto mais específico o hábito alimentar, maior a chance de sucesso em campo. Atualmente cerca de 5 milhões de hectares de cana utilizam o controle biológico aplicado com o uso de vespinhas que atacam ovos ou lagartas da broca-da-cana, sendo que a liberação com o uso de drones tem favorecido o processo de aplicação dos macrobilógicos em grandes áreas.
EXÉRCITO DO BEM
Os predadores caçam e consomem suas presas. As microvespas utilizam a praga-alvo como hospedeiro para completar seu desenvolvimento. É verdade que os parasitoides são mais restritivos quanto ao ataque de determinada fase da praga. Algumas espécies de microvespas parasitam somente ovos, como é o caso do Trichogramma spp. que só ataca ovos de mariposas (lepidópteros) e Telenomus podisi que parasita ovos do percevejo marrom da soja. Mecanismo de Ação | o parasitoide coloca seus ovos dentro do ovo praga, sua larva nasce e se desenvolve alimentando-se do conteúdo deste ovo até a fase de pupa. Esse processo cessa o ciclo da praga, ocorrendo o nascimento de um novo adulto da microvespa, pronto para reiniciar seu ciclo atacando novos ovos do alvo.
CAPACIDADE DE DISPERSÃO
Os macrobiológicos podem ser aplicados manualmente, geralmente em reboleiras, ou distribuídos em grandes áreas com o uso dos drones. Após a liberação em campo, os predadores ou parasitoides iniciam a dispersão pela área de maneira passiva ou ativa. Os predadores com asas e os parasitoides (vespinhas), alçam voos a curtas distâncias, porém, aproveitando o impulso do vento, algumas espécies podem se deslocar a distâncias consideráveis, como faz a grande maioria dos insetos-praga. No caso dos predadores que não possuem asas, como as larvas de joaninhas ou os ácaros predadores, a movimentação e a busca pela presa ocorre através do caminhamento a curtas distâncias, ou de maneira passiva, sendo arrastados pelo vento ou carregados durante as operações agrícolas, quando pegam carona em pessoas, especialmente durante a colheita, ou nos implementos agrícolas durante as operações de campo.
CUIDADO COM AS LINHAGENS LIBERADAS EM CAMPO
Uma importante observação para o sucesso da aplicação de produtos contendo macrobiológicos é a origem da população utilizada. Quando uma linhagem de microvespas, como Telenomus podisi, é produzida em uma determinada região e introduzida em outra, a mesma deve ser testada previamente nesta nova área para validação. Para isso, estudos têm sido realizados pelos fabricantes em colaboração com Instituições de Pesquisas regionais. O grupo dos ácaros predadores apresenta uma plasticidade maior do que os parasitoides com relação à variabilidade intraespecífica para eficiência em campo. Populações de Neoseiulus californicus oriundas do Estado de SP, têm funcionado muito bem para o controle do ácaro rajado em diferentes regiões produtoras, sem grandes variações de eficiência. Mesmo assim, quando a introdução for realizada pela primeira vez em uma determinada região geográfica, é sempre recomendado o acompanhamento da eficiência em áreas testes.
LOGÍSTICA PARA DISTRIBUIÇÃO
Um dos gargalos para o emprego dos macrobiológicos é a logística de distribuição. O Brasil possui dimensão continental, assim o transporte dos macrobiológicos deve ser feito de maneira específica e diferenciada. Um mercado que tem inspirado a logística de distribuição dos biológicos no Brasil é o setor de medicamentos e vacinas, pois segue moldes semelhantes à necessidades dos macrobiológicos. Para que as entregas sejam adequadas, preservando a eficiência dos “inimigos naturais” em campo, as biofábricas têm trabalhado de forma alinhada com seus clientes, envolvendo-os desde a finalização da produção, até o envio e recebimento na propriedade. A interação com o cliente neste processo, auxilia a resolução de questões logísticas complexas. Outro fator importante é a qualificação das transportadoras. Mesmo oferecendo condições diferenciadas, os agentes envolvidos com o transporte dos biológicos devem ser treinados para realizar essa tarefa com êxito.
OS MACROBIOLÓGICOS NÃO VÃO PARA A PRATELEIRA
Além da logística de distribuição (post anterior) outro desafio para comercialização dos macrobiológicos no Brasil é o período de prateleira. Os predadores e parasitoides são encaminhados diretamente para os agricultores ou canais de distribuição, logo após a finalização do processo de produção e embalagem. Como já foi dito, o transporte da biofábricas até o seu destino deve seguir padrões específicos. As embalagens não podem ser expostas ao sol, e devem ser mantidas sob menor amplitude possível de temperatura e umidade, isso para preservar a eficiência do produto em campo. A vida útil de um bioproduto contendo macrobiológicos varia entre 7 a 21 dias. No caso dos predadores, recomenda-se que ao receber a embalagem o agricultor realize a aplicação em campo o mais breve possível. No caso das microvespas, recomenda-se que a liberação seja realizada no início da emergência dos primeiros indivíduos.
RISCO DE IMPACTO AMBIENTAL?
Qual o risco do impacto negativo da liberação dos macrobiológicos no meio ambiente e desequilíbrio na cadeia alimentar local? Quando falamos de bioprodutos, estamos tratando dos agentes benéficos com registro para a comercialização dado pelo MAPA, ANVISA e IBAMA, este último responsável pelas análises para aferir riscos de impactos ambientais. Quando detectado qualquer risco, o registro não é concedido ao solicitante. Por outro lado, quando falamos do controle biológico clássico, realizado à partir da introdução de espécies que não ocorrem naturalmente na região, ou país, onde serão aplicadas, inúmeros estudos são exigidos por estes órgãos, antes da liberação. Neste caso as avaliações iniciais são realizadas no Centro de Quarentena do país onde será feita a introdução. No Brasil a referência é o Laboratório de Quarentena “Costa Lima” da EMBRAPA Meio Ambiente.
IMPORTANTE ACIONAR O GATILHO NO MOMENTO CERTO
Como já foi comentado, alguns fatores específicos ligados aos predadores e parasitoides trazem desafios particulares para o agricultor que deseja implementar programas baseados na aplicação destes bioprodutos. Mais do que nunca, um bom planejamento para o acompanhamento da evolução da dinâmica populacional das pragas-chave, em cada cultura, é fundamental. Para que os macrobiológicos executem seu papel com maestria é essencial aplicá-los no momento correto. Parasitoides de ovos devem ser liberados assim que detectado o aumento da infestação de adultos da praga na área. Para que a aplicação seja assertiva, o monitoramento deve ser feito constantemente na área. O grande problema é que os estudos que apontam o momento correto para a liberação dos biológicos (níveis de ação) ainda são escassos. A maioria dos índices disponíveis em literatura foram determinados para os defensivos químicos.
ALGUMAS QUESTÕES QUE PRECEDEM O LANÇAMENTO DOS MACROBIOLÓGICOS
Um novo bioproduto contendo macrobiológicos só é lançado no mercado após passar por rigorosas avaliações realizadas em laboratórios, casas-de-vegetação e campo. O primeiro passo é selecionar dentre as espécies candidatas para o controle biológico aplicado, àquela que apresente características favoráveis para sobrevivência, desenvolvimento e crescimento populacional. Dentre as características desejáveis durante o processo de seleção inicial algumas podem ser destacadas, como a adaptabilidade às mudanças ambientais e climáticas; especificidade a um hospedeiro ou presa; capacidade de crescimento populacional; capacidade de busca e forrageamento; sincronização com a fenologia do hospedeiro ou presa; capacidade de sobreviver no ambiente na ausência de alimento, dentre outras. Muitos desses parâmetros são avaliados a partir de estudos de biologia, ecologia, e comportamento, dentre outros. Importante ressaltar que essa fase inicial de screening, precede a fase de desenvolvimento tecnológico.
MACROBIOLÓGICOS EM ÁREAS CONVENCIONAIS E EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO ORGÂNICA
Engana-se que ainda pensa que os macrobiológicos podem ser aplicados apenas em áreas de produção orgânica. Muito pelo contrário, hoje a grande maioria dos agricultores utiliza esses produtos em sistemas convencionais. No entanto, considerando que o uso de algumas moléculas químicas pode afetar a sobrevivência e/ou reprodução de alguns inimigos naturais, é aconselhável que, antes de realizar a aplicação de qualquer agente biológico, seja obtido junto com a biofábrica a lista de defensivos compatíveis com estes bioprodutos. Fique atento, é muito importante que cada fornecedor de macrobiológicos realize estudos de seletividade com as linhagens comercializadas por sua empresa, e disponibilize os resultados para os seus clientes, uma vez que pode ocorrer variabilidade intraespecífica de resposta aos químicos. Os testes de seletividade devem ser seguir protocolos com padrão indicado pela IOBC (The International Organization for Biological and Integrated Control).
A IMPORTÂNCIA DO USO DE PRODUTOS SELETIVOS
O uso de agroquímicos seletivos às linhagens comercializadas de macrobiológicos é fundamental para o sucesso do controle biológico aplicado. Além disso, os produtos químicos seletivos também devem garantir a sobrevivência e reprodução dos agentes benéficos que ocorrem naturalmente nos cultivos, colaborando com a conservação destes organismos em campo. Uma outra forma, um pouco menos comum, para permitir a sobrevivência dos macrobiológicos aplicados em campo é a introdução de linhagens resistentes aos defensivos químicos. A evolução da resistência de populações de inimigos naturais aos agroquímicos pode ocorrer em campo, devido ao uso contínuo (pressão de seleção) de uma mesma molécula ou de ingredientes ativos pertencentes ao mesmo grupo químico. Trata-se de um processo de seleção darwiniana, e essa característica pode ser obtida em condições de laboratório.Já pensou nisso? Qual o impacto essa estratégia (liberação de agentes biológicos resistentes aos agroquímicos) poderia gerar em campo?
MACROBIOLÓGICOS RESISTENTES AOS QUÍMICOS
A liberação de linhagens de macrobiológicos resistentes aos agroquímicos pode permitir a sobrevivência destes organismos às moléculas não seletivas. Essa é uma estratégia ainda pouco adotada e que exige o empenho das biofábricas na seleção de populações com essa característica. O primeiro passo para esta seleção é a coleta de populações em campo, as quais preferencialmente já tenham sido expostas à molécula para qual se deseja selecionar para a resistência. As populações coletadas em campo são multiplicadas em laboratório e submetidas ao processo de pressão de seleção. Importante ressaltar que este trabalho envolve apenas a seleção fenotípica (entre populações da mesma espécie) e não tem nada a ver com qualquer tipo de modificação genética. No Brasil estudos realizados demonstraram a resistência de ácaros predadores a alguns inseticidas de largo espectro de ação. Porém, ainda não existem linhagens resistentes destes organismos sendo comercializadas pelas biofábricas no país.
MUDANÇA DE HÁBITO
É interessante observar que quando o agricultor toma a decisão pela introdução do controle biológico aplicado mediante o uso de macrobiológicos, imediatamente observa-se uma mudança de hábito deste produtor em busca de ferramentas compatíveis com o organismo liberado em campo. Começa-se então um processo de adaptação e reorganização que envolve, inclusive, outras operações dentro da fazenda. Aqueles técnicos acostumados com as aplicações de defensivos químicos pautadas em cronogramas pré-definidos, começam a perceber que essa estratégica é insustentável. É comum que cada vez mais o agricultor busque por técnicas para a preservação dos bioprodutos aplicados em campo, favorecendo indiretamente outros agentes biológicos que passam a habitar seu cultivo. Frequentemente observamos a presença de inimigos naturais como os crisopídeos nas áreas onde aplicamos os ácaros predadores. Em condições de desequilíbrio ecológico, os crisopídeos dificilmente são encontrados em campo. Toda ação leva a uma reação, e a natureza age exatamente desta maneira.
FUJA DA RECEITA DE BOLO
As recomendações para o uso de agentes macrobiológicos geralmente envolvem uma quantidade pré-determinada indivíduos por área. Por exemplo, para Trichogramma pretiosum recomenda-se liberação semanal e inundativa de milhares de microvespas por hectare, sendo que a quantidade de indivíduos a ser liberado depende da densidade populacional da praga-alvo em campo e da cultura em questão. As recomendações para aplicação de macrobiológicos são determinadas à partir de estudos realizados por entomologistas em Universidades e Centros de Pesquisas públicos e privados. É sempre muito importante acompanhar a dinâmica e flutuação populacional dos agentes biológicos presentes no cultivo antes e após a liberação, pois na natureza a complexidade das relações entre os organismos comumente surpreende. De fato,a melhor recomendação é que o agricultor fuja da receita de bolo e daqueles direcionamentos que seguem na esteira dos produtos convencionais. É sempre importante que se adote postura crítica em busca de bons resultados e ganhos sustentáveis.