Nosso trabalho sempre teve o objetivo de contribuir para gerar um modelo tecnológico de produção que desse escala para Agricultura Orgânica, começou com uma pergunta: Por que existem pragas?
A partir daí, ainda na época de estagiário no IAPAR, de 1986 a 1989, comecei a estudar e trabalhar no projeto de Plantas Inseticidas. Neste projeto entendi que havia um forte componente da relação inseto-planta que poderia ser influenciado pela nutrição. Ainda dentro do estágio minha orientadora pediu que pesquisasse quantos trabalhos haviam sido publicados no período de 1977 a 1986 falando sobre a influência dos fertilizantes na incidência de pragas. Levantei 150 artigos falando do assunto e essa revisão bibliográfica deixou claro que 75% dos trabalhos constatavam que o excesso de N poderia aumentar a incidência de pragas, sobre o potássio a maioria dos trabalhos dizia que o potássio poderia contribuir para reduzir incidência de pragas, mas em alguns casos também poderia aumenta-las e sobre o fósforo não era possível estabelecer uma relação direta de causa x efeito.
Depois de formado fui validando, a campo, os resultados dos meus estudos aplicando os conceitos na Agricultura Orgânica, com sucesso para Tomate e HF em geral.
Os resultados na Agricultura Orgânica chamaram a atenção de produtores convencionais que queriam melhorar seus resultados, mas não necessariamente fazer orgânico certificado. Por este motivo, comecei a dar consultoria para produtores com este perfil, com um trabalho mais voltado a equilíbrio nutricional, com viabilização maior do uso de agentes biológicos, contribuindo para um MIP de sucesso.
Esta linha de manejo com objetivo de melhorar a performance das culturas, tornava o MIP simples de entender e de fácil aplicação. Porque o produtor sai da situação de desequilíbrio que torna as lavouras extremamente frágeis e suscetíveis a todo tipo de pragas e doenças, que o aprisiona em um ciclo vicioso de dependência dos defensivos químicos.
A aplicação desse conceito de Manejo de Nutrição e Irrigação Integrados facilita muito a aplicação do MIP, porque as infestações de pragas e doenças não são mais explosivas, elas ocorrem, mas em um ritmo, intensidade e severidade controláveis, sendo aplicável tanto em pequena quanto em larga escala. Já validamos este modelo para lavouras de 200 a 400 há de tomate, de campo gotejo e pivôt central, 1000 ha de batata inglesa e 1000 ha de uvas de mesa para exportação. Além dos muitos produtores orgânicos que atendemos regularmente, como a Fazenda Malunga, de Brasília, que cultiva 6 ha de tomates em estufa e mais 45 de hortaliças diversificadas a campo aberto, sendo a maior área orgânica certificada de produção própria do Brasil.
O que concluímos até o momento que a melhor forma de atingir um resultado de controle de insumos, melhores plantas, com maior produtividade, melhor qualidade e menor uso de químicos, ou controle biológico exclusivo é possível, viável em qualquer escala.
Muito mais importante do que esta esfera do nível do produtor é o impacto ambiental global que vai na direção das necessidades atuais de nossa sociedade e planeta. Uma agricultura onde se exerce controle é uma agricultura limpa, que não contamina água, não contamina solo, não intoxica o produtor, não compromete a saúde do consumidor, ao contrário, eleva o nível de saúde, por oferecer alimentos isentos de resíduos, por serem mais completos nutricionalmente.
O benefício final para o produtor é um modelo de produção onde ele tem controle sobre as principais variáveis que impactam custo e produtividade, portanto, impacta diretamente o resultado econômico e financeiro da produção, tornando a atividade mais sustentável e rentável.