O s ácaros tetraniquídeos, pertencentes à família Tetranychidae, são de longe os mais importantes causadores de perdas econômicas nas mais diversas culturas ao redor do mundo. Mais de 100 espécies já foram reportadas no Brasil associadas a plantas cultivadas. Exclusivamente fitófagos, ou seja, se alimentando somente de plantas, os tetraniquídeos são em sua maioria polífagos, atacando uma grande diversidade de plantas cultivadas.
Seus danos estão diretamente relacionados ao seu modo de alimentação. Suas quelíceras (peças bucais) são em formato de estiletes que perfuram as células das plantas, causando extravasamento do conteúdo celular, afetando no crescimento e desenvolvimento das plantas, o que acarreta perdas na produção. Os sintomas típicos de ataque desses ácaros nas folhas são áreas prateadas ou verde-claras devido a remoção do conteúdo celular, podendo atingir tons bronzeados, levando a queda das folhas.
Sintoma típico do ataque de ácaros tetraniquídeos.
Sintoma típico do ataque de ácaros tetraniquídeos.
O ciclo de desenvolvimento dos ácaros tetraniquídeos é de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. As fases jovens duram cerca de uma a duas semanas e os adultos põem sobreviver até um mês, podendo cada fêmea ovipositar de algumas dezenas a centenas de ovos. Sua coloração pode ser verde, amarela, alaranjada ou vermelha e a mesma espécie pode apresentar mudança na coloração de acordos com o alimento e condições climáticas.
Ciclo de vida dos ácaros tetraniquídeos.
Ciclo de vida dos ácaros tetraniquídeos.
Os tetraniquídeos, em sua maioria, formam teias e por isso são também conhecidos como ácaros de teia. A teia além de proteger os tetraniquídeos contra predadores e condições ambientais adversas como chuva intensa, também é o local de deposição de ovos por muitas espécies. Em altas populações, em algumas espécies, é possível visualizar claramente uma grande quantidade de teias principalmente no ápice das plantas, que facilitam sua dispersão que se dá principalmente pelo vento. Para isso, as fêmeas fecundadas ou não, se movem para o ápice das plantas.
Detalhe da teia produzida pelo tetraniquídeo, Tetranychus urticae, em gérbera.
Detalhe da teia produzida pelo tetraniquídeo, Tetranychus urticae, em gérbera.
Tetraniquídeos em ornamentais e hortaliças
Plantas ornamentais e hortaliças são muito suscetíveis ao ataque de diferentes espécies de ácaros no Brasil. As espécies de tetraniquídeos economicamente mais importantes são o ácaro rajado, Tetranychus urticiae, praga de diversas culturas, o ácaro vermelho Tetranychus evansi, associado a solanáceas, principalmente o tomateiro e o ácaro verde da mandioca Mononychellus tanajoa.
O ácaro rajado T. urticiae é comumente encontrado em altas infestações em solanáceas como tomate, pimentão e berinjela e como uma das principais pragas em cultivos de rosas, crisântemo, gérbera e alstroemeria. Alfaces e outras folhosas produzidas em sistemas hidropônicos tem sido ocasionalmente relatadas com a ocorrência do ácaro rajado. Tuberosas como batata e mandioquinha salsa também tem como umas das principais pragas o ácaro rajado, enquanto em cultivos de mandioca M. tanajoa é a principal espécie encontrada.
Manejo integrado de ácaros tetraniquídeos
A redução efetiva de determinada população de uma praga, em níveis que não causem danos econômicos, inicia-se com um bom monitoramento da presença da praga na lavoura para que as estratégias de controle sejam realizadas no momento correto. Ácaros pragas atacam por reboleiras, ou seja, em áreas definidas, tendo seu início quase sempre nas bordas dos plantios. Dessa forma, o produtor deve ficar atento ao início das infestações para um melhor controle. Como citado anteriormente, as teias, cujas quantidade são proporcionais ao tamanho da população, protegem os tetraníquideos, dificultando seu controle.
O monitoramento é importante para decidir quando adotar as estratégias de controle do ácaro rajado.
O monitoramento é importante para decidir quando adotar as estratégias de controle do ácaro rajado.
Manejo cultural
Como estratégias para o controle cultural de tetraniquídeos, a destruição de restos culturais evita sua disseminação para novas áreas. Além disso, o manejo de plantas invasoras hospedeiras também torna-se importante na redução das populações dessas pragas. Uma estratégia bastante eficaz de manejo cultural que tem sido adotada por muitos produtores para evitar a disseminação desses ácaros é a destruição das teias com jatos fortes de água.
Aplicação de jatos fortes de água para destruição das teias do ácaro rajado.
Manejo cultural
Como estratégias para o controle cultural de tetraniquídeos, a destruição de restos culturais evita sua disseminação para novas áreas. Além disso, o manejo de plantas invasoras hospedeiras também torna-se importante na redução das populações dessas pragas. Uma estratégia bastante eficaz de manejo cultural que tem sido adotada por muitos produtores para evitar a disseminação desses ácaros é a destruição das teias com jatos fortes de água.
Aplicação de jatos fortes de água para destruição das teias do ácaro rajado.
Uso de defensivos químicos
No Brasil, dezesseis ingredientes ativos pertencentes a 12 grupos químicos com nove mecanismos de ação diferentes são hoje registrados para o controle de ácaros pragas segundo o Ministério da Agricultura. No entanto, casos de resistência são frequentemente reportados devido principalmente às características biológicas destes ácaros como curto ciclo de vida e alta fecundidade.
Controle químico.
Uso de defensivos químicos
No Brasil, dezesseis ingredientes ativos pertencentes a 12 grupos químicos com nove mecanismos de ação diferentes são hoje registrados para o controle de ácaros pragas segundo o Ministério da Agricultura. No entanto, casos de resistência são frequentemente reportados devido principalmente às características biológicas destes ácaros como curto ciclo de vida e alta fecundidade.
Controle químico.
Manejo biológico
Controle biológico com liberação de ácaros predadores em ornamentais.
Controle biológico com liberação de ácaros predadores em ornamentais.
Fungos do gênero Neozygites são frequentemente reportados em campo, causando epizootias em tetraniquídeos, com controle quase total das populações da praga. Esses fungos são de ocorrência natural. Já o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, comercializada por diferentes empresas, tem apresentado bons resultados no controle de T. urticae, principalmente quando atrelado a outras técnicas como o uso de ácaros predadores. Em condições naturais, apesar de frequentes em plantas, os ácaros predadores, principalmente os fitoseídeos (família Phytoseiidae) não são abundantes, estando normalmente associados a níveis baixos de infestação de ácaros fitófagos. Para um controle mais efetivo a liberação de ácaros predadores tem se apresentado atualmente como a melhor forma de controle de tetraniquídeos em diversas culturas. No Brasil são atualmente comercializadas duas espécies de ácaros predadores para o controle do ácaro rajado. São eles: Phytoseiulus macropilis, ácaro especialista que se alimenta apenas de tetraniquíedos e Neoseiulus californicus, que prefere os tetraniquídeos, embora possa se alimentar de outros pequenos artrópodes e pólen.