Os insetos conhecidos vulgarmente como mosca-brancas são sugadores de seiva e têm como principal gênero Bemisia, o mais prejudicial e mais amplamente distribuído e estudo em todo o mundo.
Apesar do nome comum de mosca-branca, devido a sua aparência similar a um díptero, este inseto trata-se de um hemíptero da família Aleyrodidae, com cerca de 126 gêneros e mais de 1.200 espécies. O gênero Bemisia contém 37 espécies reconhecidas e desse gênero, B. tabaci é a espécie mais importante e mais amplamente dispersa no mundo.
A espécie Bemisia tabaci é cosmopolita, sendo encontrada em todos os continentes, exceto na Antártida. Tem como provável centro de origem o Oriente, tendo sido introduzida na Europa, Bacia do Mediterraneo, Africa, Asia, America Central (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Republica Dominicana, Guatemala, El Salvador, Cuba e Honduras), América do Sul (Argentina, Brasil, Colombia e Venezuela) e Bacia do Caribe por meio do comercio e transporte de plantas ornamentais pelo homem.
B. tabaci é extremamente polífaga, colonizando mais de 600 espécies de plantas, na sua maioria anuais ou herbáceas (> 506 espécies), pertencentes a 84 famílias botânicas, muitas dessas de importância agrícola como Leguminoseae (soja, feijão e outros), Asteraceae (crisântemo), Malvaceae (algodão), solanaceae (tomate), cruciferae (Couve), Curcubitaceae (melão).
Algodão
Crisântemo
Feijão
Melão
Tomate
Soja
Algodão
Crisântemo
Feijão
Melão
Tomate
Soja
A mosca-branca (Bemisia tabaci) é considerada uma das principais pragas da agricultura, causando danos nos agroecossistemas do Brasil e do mundo, em regiões tropicais e subtropicais.
No Brasil, B. tabaci é conhecida desde 1923, passando a ser relatada como problema 50 anos após, como praga da cultura do algodão. No entanto, a partir do início dos anos 90, B. tabaci ressurgiu no Brasil, nas regiões Sudeste (SP e MG), Centro Oeste (Goiás e Distrito Federal) e Nordeste (Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Piaui e Paraíba) causando sérios prejuízos a inúmeras culturas de importância econômica e ganhando papel de praga principal.
Estados afetados pela mosca-branca no Brasil na década de 90.
A mosca-branca (Bemisia tabaci) é considerada uma das principais pragas da agricultura, causando danos nos agroecossistemas do Brasil e do mundo, em regiões tropicais e subtropicais.
No Brasil, B. tabaci é conhecida desde 1923, passando a ser relatada como problema 50 anos após, como praga da cultura do algodão. No entanto, a partir do início dos anos 90, B. tabaci ressurgiu no Brasil, nas regiões Sudeste (SP e MG), Centro Oeste (Goiás e Distrito Federal) e Nordeste (Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Piaui e Paraíba) causando sérios prejuízos a inúmeras culturas de importância econômica e ganhando papel de praga principal.
Estados afetados pela mosca-branca no Brasil na década de 90.
Em parte, esse fato está associado ao surgimento e disseminação do biótipo B, mais agressivo que o anterior (biótipo A). B. tabaci biótipo B apresenta taxa de reprodução 30% superior ao biótipo A, além de maior taxa de alimentação e produção de “honeydew” e conseguentemente de fumagina. É também mais tolerante ao frio, apresenta maior gama de hospedeiros e tem maior capacidade de indução de anomalias fisiológicas e de transmissão de viroses, além de maior capacidade de desenvolvimento de resistência aos inseticidas.
Atualmente são relatados mais de 40 biótipos de B. tabaci. Sendo, os biótipos B e Q os mais importantes em termos de agressividade. No Brasil, o biótipo predominante é o B. No entanto, a partir de 2013 relatos de ocorrência do biótipo Q vem aumentando em lavouras de diferentes culturas. O biótipo Q tem se destacado, nos países que entrou, devido praticamente extinguir o biótipo B, apresentar maior tolerância aos produtos utilizados para o controle do biótipo B e/ou desenvolver resistência mais facilmente aos principais ingredientes ativos utilizados para o controle dessa praga.
Estudos realizados pela Promip e suportados pelo Comitê de Ação a Resistência a Inseticidas relatam um aumento de populações de Bemisia tabaci com a presença do biótipo Q em frequências variáveis ao biótipo B, em plantações de tomate e soja. Outro fator importante é que de uma forma geral é que populações com alta frequência de biótipo Q tem mostrado menor suscetibilidade aos inseticidas utilizados.
Infestação de Bemisia tabaci.
Infestação de Bemisia tabaci.
Biologia e Comportamento
Esse inseto apresenta metamorfose incompleta, passando pelas fases de ovo, ninfa (quatro estádios, sendo o último chamado de “pupa” ou pseudo-pupa) e adulto (Fig. 1). As ninfas e os adultos possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador.
Os adultos são pequenos (1 a 2 mm) com asas membranosas e cobertas por uma substância pulverulenta de cor branca e abdômen amarelado. Quando em repouso, as asas ficam levemente separadas, com os lados paralelos e na forma de um telhado, com o abdômen amarelo visível. São insetos muito ativos e ágeis que voam rapidamente quando molestados, podendo dispersarem-se a curtas e grandes distâncias, deixando-se levar pelas correntes de ar. Logo após a emergência, deixam as folhas inferiores, de onde emergiram, e voam para as folhas superiores para se alimentar e ovipositar. Migram para outras plantas quando as condições fisiológicas são inadequadas ou quando a mesma entra em processo de senescência. A reprodução pode ser sexuada ou partenogenética do tipo arrenótoca.
O acasalamento ocorre 12 a 48 horas após a emergência e diversas vezes durante a sua vida. Apresenta elevada fecundidade, sendo que as fêmeas ovipositam entre 100 e 300 ovos, dependendo do biótipo, da planta hospedeira, e de fatores climáticos como temperatura e umidade relativa
Os ovos são de coloração amarelada. Apresentam formato de pêra, medem cerca de 0,2 a 0,3 mm, são depositados de forma irregular na face inferior da folha e ficam presos ao tecido da planta por meio de um pedicelo.
As ninfas são translúcidas e de cor amarela ou amarelo-claro; no primeiro instar se locomovem sobre as folhas e depois se fixam por meio do rostro, succionando a seiva. Já as de segundo e terceiro instar possuem antenas e pernas atrofiadas, permanecendo fixas nas plantas e sempre se alimentando. O quarto instar caracteriza-se pelo amarelecimento correspondente ao adulto, cuja forma pode ser percebida por meio do tegumento da ninfa e da presença de olhos vermelhos.
O ciclo de ovo a adulto é de aproximadamente 20 dias, sendo que a longevidade dos adultos varia de 1 a 3 semanas.
Todo o ciclo desse inseto se passa preferencialmente na face inferior das folhas. Colonizam inicialmente as folhas do baixeiro da planta e a medida que a população cresce e as folhas do baixeiro ficam mais velhas, os adultos migram para as folhas superiores para o início de um novo ciclo. Condições de clima quente e seco são propícios ao desenvolvimento da praga, devido a redução do ciclo biológico da praga (altas temperaturas) e ausências de fungos entomopatogênicos, capazes de causar epizootias e reduzir a população dessa praga.
Ciclo de vida da mosca-branca (Bemisia tabaci).
Ciclo de vida da mosca-branca (Bemisia tabaci).
Danos
Os danos diretos da mosca-branca são causados pela sucção de seiva e injeção de toxinas pelas ninfas e adultos, quando se alimentam, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, podendo causar anomalias como o amadurecimento irregular de frutos em tomateiro, sendo que altas densidades populacionais podem determinar a morte da planta. A substância açucarada excretada pelos insetos induz o crescimento do fungo denominado fumagina sobre ramos e folhas, prejudicando o processo de fotossíntese e a aparência de frutos. Entretanto, o dano mais sério causado pelo inseto é por ser vetor de várias viroses com sintomatologia variada. Relata-se que cerca de noventa doenças viróticas são transmitidas pela mosca-branca. Entre estas destaca-se as doenças ocasionadas pelos geminivírus em tomateiro, pimentão e batata, o vírus do mosaico dourado do feijoeiro, o vírus do mosaico anão e o vírus do mosaico crespo em soja e o vírus do mosaico comum do algodoeiro.
Doença do feijoeiro (vírus do mosaico)
Doença do tomate (geminivírus)
Doença do pimentão (geminivírus)
Doença do feijoeiro (vírus do mosaico)
Doença do tomate (geminivírus)
Doença do pimentão (geminivírus)
Controle
O manejo integrado da praga deve ser preconizado para o sucesso no controle. Para tanto, algumas etapas devem ser adotadas, desde a escolha da área para plantio, como durante a condução da cultura:
- 1) Evitar a instalação da cultura em locais com culturas vizinhas hospedeiras e com infestação da praga.
- 2) Destruição de plantas hospedeiras e manutenção da lavoura no limpo.
- 3) Plantio de mudas sadias.
- 4) Uso de variedades resistentes, a praga e/ou vírus que a mosca-branca transmite.
- 5) O monitoramento da praga deverá ser realizado desde o início da cultura através de inspeções e/ou o uso de armadilhas adesivas de coloração amarela.
- 6) Identificação da espécie de mosca-branca presente na cultura é desejável para a correta indicação do produto.
- 7) Aplicações para controle de mosca-branca exigem que os produtos atinjam a parte inferior das folhas, onde os adultos, ninfas e ovos estão presentes e que sejam direcionados principalmente para a parte inferior e mediana das plantas onde a maior parte da população se encontra.
- 8) Uso de diferentes estratégias de controle deve ser adotadas para o manejo da praga e não somente o controle químico.
Táticas de controle de Bemisia tabaci
O Controle biológico
Assim como para outras pragas o controle biológico tem evoluído para B. tabaci. No entanto, com um menor número de casos de sucesso. Embora tenhamos inimigos naturais que desempenhem papel importante no controle biológico natural, como o parasitoide de ninfas Encarsia formosa, o ácaro predador Ambliseius tamatavensis e fungos entomopatogênicos do gênero Lecanicillium que tem se mostrado promissores para o controle biológico aplicado. Na prática, o único produto utilizado no controle biológico aplicado e o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Estão registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento 20 produtos comerciais a base desse entomopatógeno para o controle de B. tabaci.
Fungo entomopatogênico atacando mosca-branca.
Assim como para outras pragas o controle biológico tem evoluído para B. tabaci. No entanto, com um menor número de casos de sucesso. Embora tenhamos inimigos naturais que desempenhem papel importante no controle biológico natural, como o parasitoide de ninfas Encarsia formosa, o ácaro predador Ambliseius tamatavensis e fungos entomopatogênicos do gênero Lecanicillium que tem se mostrado promissores para o controle biológico aplicado. Na prática, o único produto utilizado no controle biológico aplicado e o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Estão registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento 20 produtos comerciais a base desse entomopatógeno para o controle de B. tabaci.
Fungo entomopatogênico atacando mosca-branca.
O controle químico
Para o controle dessa praga existem 11 grupos químicos de modo de ação distintos que podem ser utilizados, mediante rotação de produtos e misturas. Casos de desenvolvimento de resistência a alguns desses grupos vem sendo relatados com frequência em estudos de monitoramento, como o caso dos organofosforados, carbamatos, piretróides e alguns ingredientes ativos do grupo dos neonicotinóides. Por outro lado, a pressão de seleção com inseticidas de outros grupos, principalmente dos reguladores de crescimento vem aumentando e alguns indícios de desenvolvimento de resistência também vem sendo observados.
No controle químico a rotação de produtos de grupos químicos e modo de ação distintos deve ser adotado para evitar a evolução da resistência. Outras estratégias de controle como o cultural, uso de variedades resistentes e biológico que permitem uma menor pressão de seleção da praga com inseticidas também fazem parte das estratégias de manejo de resistência de pragas a pesticidas.