A lagarta-do-cartucho, conhecida também pelo seu nome cientifico, Spodoptera frugiperda é uma das mais importantes pragas de cultivos agrícolas e sua ocorrência abrange quase todo o continente americano além de ter sido registrada em vários países da África e Ásia e com fortes indícios de sua ocorrência na Europa, sendo considerada assim, uma ameaça a agricultura em escala mundial. No Brasil a praga ocorre de norte ao sul do país e aqui, os prejuízos referentes ao ataque deste inseto são reportados para as mais importantes culturas agrícolas. Historicamente os registros do ataque deste inseto eram mais recorrentes nos cultivos de milho e por isso o nome popular da espécie, lagarta-do-cartucho, pois no milho, os danos principais causados pela lagarta podem ser visualizados facilmente no cartucho da planta.
O ciclo de desenvolvimento da lagarta-do-cartucho compreende nas fases de ovo, lagarta, pupa e mariposa (adulto da espécie). O ciclo completo é dependente de questões climáticas e pode girar em torno de 30 dias. A fase de lagarta, que é a fase que causas problemas para o agricultor, pode variar em torno de 15 dias e nessa fase quanto maior mais danos ela pode causar.
Danos causados pela lagarta-do-cartucho na planta.
Danos causados pela lagarta-do-cartucho na planta.
Contudo, devido a habilidade da espécie de se alimentar de diferentes espécies de planta, a capacidade do inseto em ter várias gerações durante o ano e a presença de alimento durante o ano todo, chamada de ponte verde, possibilitou elevação do status de praga de importância para a cultura do milho e fez deste inseto um alerta para agricultores de soja, feijão, arroz algodão dentre outras culturas de importância econômica. Contudo o manejo adotado para a cultura do milho é um dos mais complexos, pois a lagarta se aloja no cartucho da planta de milho e assim fica “protegida” contra ação de agentes de controle por isso o manejo torne-se mais desafiador. Porém a tecnologia adotada para o Manejo pelos agricultores brasileiros é referência em todo mundo, pois convivemos com essa praga desde os primórdios da agricultura no país.
A lagarta se aloja no cartucho da planta de milho e assim fica “protegida”.
A lagarta se aloja no cartucho da planta de milho e assim fica “protegida”.
Identificação da espécie no campo
Para o manejo adequado e obter sucesso no controle, além do acompanhamento do histórico de danos provocados pela praga na região, a identificação correta do inseto praga e o monitoramento são fatores chaves para o emprego dos programas de manejo integrado de pragas (MIP).
O monitoramento é fator chave para o emprego dos programas de manejo integrado de pragas (MIP).
O monitoramento é fator chave para o emprego dos programas de manejo integrado de pragas (MIP).
Algumas características do inseto são fáceis de visualização no campo. A postura da espécie que são a massa de ovos colocados pelos pelas mariposas que são a forma adulta da espécie são realizadas normalmente nas folhas que serão o alimento das lagartas. As posturas são encontradas colocadas em massas de ovos, presente em várias camadas. Uma mariposa pode realizar várias posturas ao longo da sua vida, suas posturas podem conter em média 500 lagartas e é comum ver as lagartas recém eclodias penduras em “teias” que vão facilitar o deslocamento das lagartas recém eclodidas da massa de ovos entre as plantas vizinhas.
Algumas características do inseto são fáceis de visualização no campo. A postura da espécie que são a massa de ovos colocados pelos pelas mariposas que são a forma adulta da espécie são realizadas normalmente nas folhas que serão o alimento das lagartas. As posturas são encontradas colocadas em massas de ovos, presente em várias camadas. Uma mariposa pode realizar várias posturas ao longo da sua vida, suas posturas podem conter em média 500 lagartas e é comum ver as lagartas recém eclodias penduras em “teias” que vão facilitar o deslocamento das lagartas recém eclodidas da massa de ovos entre as plantas vizinhas.
No primeiro momento seja seu ataque em soja, algodão ou milho, é comum verificar raspagens nas folhas em que são alimentadas pelas lagartas. Essas raspagens superficiais nas folhas evoluem para lesões com bordas regulares que podem perfurar a folha. No milho após essa raspagem e lesão inicial as lagartas se alojam no interior do cartucho das plantas, onde lá ela fica protegidas contra agentes externos o que dificulta o manejo da praga. Na soja a lagarta-do-cartucho pode ser identificada nos primeiros dias após a germinação da planta, se alimentando das plantas recém emergidas e assim podem comprometer o estande final, também podem ser identificadas provocando desfolha na parte área e até mesmo se alimentado das vagens. No algodão o ataque pode acontecer nas folhas, brácteas, flores e maçã do algodoeiro e quando presente nas estruturas reprodutivas elevam os prejuízos por diminuição direta na produtividade.
Monitoramento
No milho o monitoramento para a lagartas-do-cartucho é realizado a partir dos danos provocados pela praga quando a lagarta está presente na lavoura. São recomendados o monitorando a partir da avaliação de nota de dano, identificadas nas folhas. Os danos são avaliados segundo uma escala de dano que pode ser encontrada facilmente na web, que vai de 1 a 9, onde 1 é a planta sem sinais de raspagem e 9 é a planta morta provocada pelo dano da lagarta-do-cartucho.
“Pragueiro” monitorando ataque das lagartas no milho.
O avaliador ou o “pragueiro”, como são conhecidos os profissionais que monitoram pragas nas lavouras, devem avaliar a porcentagem de folhas raspadas ou com danos em dez pontos de cada talhão da lavoura, onde um talhão pode ser uma área homogenia com mesma textura de solo ou características locais que pode ter tamanho variados, mas normalmente adotam-se 100 hectares como um talhão. Dependendo da cultivar utilizada o dano que representa perda econômica é variável e pode ir de 5 a 20% das plantas com raspagem na área, por isso é importante o agricultor conhecer a cultivar que está sendo utilizada, pois o monitoramento é dependente da tecnologia. Todas as informações sobre o monitoramento são repassadas pelas empresas de sementes e muita informação é disponibilizada pela internet. O importante o agricultor ter a sensibilidade que a presença da lagarta na área não significa que ele está perdendo dinheiro, e sim o controle só deve ser adotado caso os danos provocados por ela atinjam o nível de dano econômico.
Manejo
O controle da lagarta-do-cartucho para a cultura do milho é historicamente bem realizado pelos agricultores no Brasil, o que torna o manejo integrado da praga feito aqui referência em todo o mundo. Existem muitas opções para o controle da praga disponibilizados pelos mais diversos segmentos da indústria e é possível encontrar uma vasta opção de produtos químicos biológicos e até mesmo cultivares resistentes ao ataque da lagarta-do-cartucho. Os principais métodos empregados são baseados em uso de cultivares transgênicas resistentes, cultivares Bt e a aplicação de inseticidas químicos. Contudo para esses dois grupos de controle são cada vez mais recorrentes casos de falhas ou perda da eficiência devido a presença de insetos resistentes para as tecnologias adotadas. Sendo assim, uma dica para o produtor é seguir rigorosamente as recomendações dos produtos para que as tecnologias empregadas possam ser eficientes por mais tempo.
Além dos produtos químicos e cultivares resistentes o controle biológico da lagarta-do-cartucho é realizada e vêm ganhando mais força devido a casos de falhas de controle identificadas para os principais métodos utilizados. Sendo assim, o controle biológico utilizando microrganismos é o que mais chama atenção com características de aplicação e tempo de prateleira semelhantes aos químicos, produtos à base de fungos, bactérias e vírus são cada vez mais utilizados e são ferramentas importantes para o manejo integrado de pragas. Dentre os mais conhecidos podemos citar o uso do fungo Beauveria bassiana, bactérias a base de Bacillus thuringiensis e produtos à base de baculovírus. Para todos estes produtos existem indicações de uso que devem ser seguidas à risca pelo produtor para que os ganhos ao adotar o controle biológico possa ser refletido em controle efetivo da praga no campo.
Controle biológico: aplicação de baculovirus em cultura de milho.
Controle biológico: aplicação de baculovirus em cultura de milho.
O produtor está aparado por diversas empresas e instituições governamentais que mantem centros de pesquisa para melhoria do controle da lagarta-do-cartucho e sempre estão em busca de novidades para o produtor e este, sempre havido por novas tecnologias está cada vez mais atento as essas inovações. Portanto para que essas inovações tenham êxito é sempre bom lembrar para o produtor que siga as instruções de uso de agentes de controle pois isso, pode ser a garantia de sucesso na lavoura.