LAGARTA-DO-CARTUCHO: 9 FATOS PARA COMBATER A PIOR PRAGA DO MILHO

O inseto se alimenta principalmente das folhas de milho e pode comprometer até 100% da produção das lavouras

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Por Carolina Barros * (carolina@sfarming.com.br)

A lagarta-do-cartucho, também chamada de lagarta-militar, é considerada a principal praga do milho. Esse inseto, da espécie Spodoptera frugiperda, é polífago e por isso se alimenta de até 100 tipos de plantas, como soja, algodão, tomate e sorgo. A praga ataca a cultura do milho desde a emergência, quando brota, até a fase de pendoamento e espigamento, mas os maiores danos são na estrutura conhecida como cartucho, que é a região central da planta. É esse hábito alimentar que dá nome a lagarta.

O impacto econômico dessa praga é muito alto. No milho, as perdas das lavouras infectadas costumam variar de 15% a 35% da produção, geralmente. “Mas, com as condições adequadas para seu desenvolvimento, a lagarta pode ocasionar 100% de perdas, como aconteceu no final do ano passado em algumas áreas do Centro-Oeste”, afirma Caio Efrom, pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) do Vale do Taquari. Já na soja, as lagartas se alimentam das folhas e das vagens em formação, afetando a produção dos grãos.

1 – Como identificar o inseto?

A lagarta, quando está em desenvolvimento na fase de se alimentação, pode chegar até a cinco centímetros de comprimento. Sua coloração varia entre cinza-escuro, verde, marrom e preta. Ao longo do dorso, a lagarta apresenta uma faixa com pontos pretos e três linhas branco amareladas e na cabeça um desenho de “Y” invertido, características que facilitam sua identificação.

Na verdade, o pesquisador explica que a lagarta corresponde a fase jovem de uma mariposa, que pode ser identificada por possuir asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. Essas mariposas possuem hábitos noturnos, por isso esse é o período em que podem ser observadas pelos produtores.

2 – Quais os danos nas plantas?

Quando a lagarta-do-cartucho está na fase mais jovem ela se alimenta fazendo raspagem das folhas. Conforme se desenvolve, a lagarta se alimenta de porções maiores, o que causa perfurações na planta, mais comuns na região do cartucho. Segundo o pesquisador, é fácil identificar a presença da praga, pela grande quantidade de excrementos na folha. Outra curiosidade é que só se encontra uma lagarta por planta, pois essa espécie pratica canibalismo. As lagartas também podem se alimentar dos colmos, como são chamados os caules de gramíneas, plantas da família do milho. Além disso, elas também se alimentam das espigas, o que afeta a formação dos grãos.

3 – Amostragem da praga

O monitoramento da lagarta-do-cartucho deve ser feito pela identificação visual da praga ou usando a técnica de pano de batida. Essa técnica consiste em colocar um pano de um metro de largura por um metro de comprimento entre as linhas da cultura e analisar a quantidade de insetos que ficam “presos” no material. Também podem ser usadas armadilhas delta com feromônio. “Coloca-se uma armadilha a cada cinco hectares, um pouco acima da cultura, monitorando semanalmente e trocando-se o septo de feromônio a cada 30 dias”, explica o pesquisador.

4 – Manejo da lagarta-do-cartucho

O mais indicado é que o produtor realize o Manejo Integrado de Praga (MIP), que significa conhecer a praga, monitorar a presença do inseto e realizar medidas preventivas, como o controle biológico, fazendo uso do controle químico somente quando a população da praga apresentar um número muito significativo (leia mais: 7 dicas para realizar o Manejo Integrado de Pragas na safra 2016/2017).

5 – Controle no milho

Em lavouras de milho, Efrom orienta que o uso de controle deve ser feito quando atingir três mariposas por armadilha, em média, ou quando 10% das plantas estiverem infestadas. No caso do uso de armadilhas, o controle deve ser realizado dez dias depois dessa análise para que atue sobre as lagartas pequenas.

Os produtos devem ser aplicados em jatos na região interna do cartucho, o que pode ser menos eficiente quando a planta estiver em estágios mais desenvolvidos. “O controle químico, no milho, é dificultado conforme avança o desenvolvimento da cultura, devido ao local onde a praga se aloja, por isso a importância do monitoramento”, diz o pesquisador.

6 – Manejo na soja

Já em plantações de soja, o nível de controle é quando forem encontradas 20 lagartas maiores que 1,5 centímetros por metro linear de fileira. Se for baseada na análise visual, o controle deve ser feito quando houver 30% de desfolha na fase vegetativa, 15% de desfolha na fase reprodutiva ou 10% das vagens atacadas. “É fundamental consultar um engenheiro agrônomo para que ele oriente sobre o produto e técnica mais adequada em cada situação específica”, afirma Efrom.

7 – Prevenção

Antes que as populações de lagarta-do-cartucho atinjam níveis populacionais que exijam o uso de defensivos químicos, é importante investir em controle biológico. Segundo o pesquisador, os mais indicados são o uso de insetos predadores como o tesourinha, que marcam presença naturalmente nas lavouras, ou o Trichogramma spp, que é comercializado. Outra opção é o uso de bioinseticidas a base de Baculovírus e Bacillus thuringiensis. “São produtos mais seguros para o agricultor e para o ambiente”, diz.

8 – Condição climática

O desenvolvimento da praga é mais rápido em períodos de seca e temperaturas acima dos 25°C, fatores que aumentam a severidade dos danos que ela causa na lavoura. “A praga ocorre em todo o país, mas devido às questões climáticas ou manejo adotado, em algumas regiões específicas seus danos podem ser maiores”, afirma Efrom.

9 – Erros do produtor

A utilização de lavouras próximas de culturas distintas, como milho, soja e algodão no verão e milheto e pastagens no inverno aumenta a possibilidade de hospedeiros, o que estimula o crescimento populacional da lagarta. Além disso, outras práticas que intensificam a dispersão da lagarta-do-cartucho são a realização de plantio direto em palhada que contenha grandes populações da lagarta e o uso inadequado de plantas Bt, que pode levar a seleção de insetos resistentes. “Isso proporciona um aumento do registro de danos por esta praga em culturas nas quais, até pouco tempo, seus danos não eram significativos”, conta o pesquisador.

* Carolina Barros é trainee, com supervisão de Darlene Santiago

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