Os percevejos fitófagos (Hemiptera, Pentatomidae) são as pragas mais importantes da cultura da soja. Tanto as fases de ninfas quando os adultos ocasionam danos à cultura a partir da fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento das sementes (R3 a R7). Por isso representam um perigo na reta final do cultivo, quando se definem o rendimento e a qualidade da semente.

Com as suas picadas, para se alimentarem, os percevejos atingem diretamente os grãos em formação e dependendo do estágio em que se encontra o grão ao ser picado, os danos diretos vão variar desde a inviabilização total da semente, por abortamento, até a redução do vigor e potencial germinativo. Como danos indiretos são citados a transmissão de doenças fúngicas nas sementes lesionadas e a indução de um distúrbio fisiológico denominado como “soja louca” que afeta a maturação normal das plantas atacadas, permanecendo estas com as folhas verdes ao final do ciclo. Isto causa problemas na colheita, pelo excesso de umidade no processo de trilha e no produto colhido. O resultado final é prejuízo, pela queda no rendimento e qualidade e, no caso de produção de sementes, pela sua inviabilização.

ESTUDOS DE PERCEVEJOS
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CICLO BIOLÓGICO

Durante o desenvolvimento os percevejos passam pela fase de ovo, fase de ninfa, composta de cinco estádios (instares) e fase adulta. As ninfas apresentam coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo, completando o desenvolvimento em cerca de 25 dias. Os adultos, iniciam a cópula em 10 dias e as primeiras oviposições ocorrem após 13 dias. Apresentam longevidade média que varia de 50 a 120 dias e número de gerações anuais de 3 a 6 dependendo da região, sendo as fêmeas, em geral, maiores que os machos.

A fecundidade média varia de 120 a 170 ovos/fêmea dependendo da espécie, sendo que o ritmo de postura diminui à medida que as fêmeas envelhecem. Esses parâmetros biológicos são influenciados pela dieta alimentar e pela temperatura.

Os insetos iniciam a colonizar a soja em meados ou final do período vegetativo da cultura (Vn), ou logo após, durante a floração (R1 a R2) (período de colonização). Nesta época os percevejos estão saindo da diapausa ou de hospedeiros alternativos. A partir do início do aparecimento das vagens (R3) as populações aumentam, principalmente as ninfas, o qual é chamado de período de alerta. A seguir, ao final do desenvolvimento das vagens (R4) e início de enchimento dos grãos (R 5.1) a população tende a aumentar mais e é quando a soja é mais suscetível ao ataque. É o chamado período crítico. A população cresce até o final do enchimento de grãos (R6), quando atinge o pico populacional máximo. A partir daí a população tende a decrescer, com a soja atingindo a maturação fisiológica (R7). Na colheita (R8) os percevejos remanescentes completam a dispersão para as plantas hospedeiras alternativas e mais tarde para os nichos de diapausa, no caso do percevejo marrom. O percevejo verde e o verde pequeno se abrigam em plantas hospedeiras onde permanecem até iniciar o próximo ciclo na safra seguinte.

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Ciclo de vida dos percevejos.

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Ciclo de vida dos percevejos.

AS ESPÉCIES MAIS IMPORTANTES

São três as espécies principais de percevejos-praga da soja: o verde (Nezara viridula), o pequeno (Piezodorus guildinii) e o marrom (Euschistus heros). Um quarto percevejo, de menor importância na soja, mas que nos últimos anos, com a safrinha de milho, vem adquirindo importância nesta cultura, é o barriga-verde (Dichelops sp.).

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PERCEVEJO-VERDE (NEZARA VIRIDULA)

O percevejo-verde, N. viridula, tem distribuição mundial, sendo mais adaptado as regiões mais frias do Brasil (Região Sul), onde é mais abundante. É extremamente polífago e, ao contrário do percevejo marrom, permanece em atividade o ano todo nas regiões com temperaturas mais amenas, como o Norte do Paraná, quando se reproduz por um período mais longo, podendo completar até seis gerações por ano em hospedeiros alternativos, como desmóido (Desmodium tortuosum), nabo-bravo (Raphanus raphanistrum), feijão, feijão guandu, rubim (Leonurus sibiricus). Eventualmente é encontrado em carrapicho-de-carneiro e em trigo no período de outono e inverno, sem se reproduzir. Durante todo o ano, N. viridula é visto sobre plantas de mamona, Ricinus communis L., sem se reproduzir. No sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, após a colheita da soja, o percevejo entra em hibernação sob casca de árvores ou em abrigos, como fendas em troncos e mesmo em residências. Nesta época, troca de cor, passando de verde para castanho arroxeado.

As fêmeas depositam seus ovos, de cor bege, na face inferior das folhas, agrupados em forma de mini-colméia, com 50 a 100 ovos cada. As ninfas, ao eclodirem, têm coloração preta e manchas claras sobre o dorso, permanecendo agrupadas até o segundo instar. Somente a partir do segundo instar começam a se alimentar dos grãos da soja. O período ninfal, dividido em 5 instares, dura de 15 a 20 dias, dependendo de alimentação e temperatura. O adulto, com 12 a 15 mm de comprimento, é inteiramente verde. Pode sobreviver até 50 dias, em boas condições de alimentação e ambiente.

Percevejo verde (Nezara viridula).

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Percevejo verde (Nezara viridula).

Percevejos da soja

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PERCEVEJO PEQUENO (PIEZODORUS GUILDINII)

O percevejo verde pequeno, P. guildinii ocorre em todas as regiões produtoras de soja do Brasil e países vizinhos. Tem ampla distribuição, ocorrendo tanto no sul como nas regiões produtoras de soja do norte e nordeste do país. Trata-se de uma espécie oligófaga, sendo encontrado também em feijão, feijão guandu, crotalárias e anileiras. Estudos indicam ser esta espécie a mais prejudicial, causando os maiores danos na qualidade das sementes e na retenção foliar anormal nas plantas de soja.

O adulto é também verde, porém tendendo ao amarelo, e atinge apenas 10 mm, em média. Apresenta uma listra marrom transversal no pronoto, que caracteriza a espécie. As fêmeas depositam seus ovos, de coloração preta, em fileiras pares com 10 a 20 ovos por postura, em ambas as faces das folhas, nas vagens e também no caule e nos ramos. As ninfas, também agrupadas no início, causam danos a partir do segundo instar. Passam pelos 5 instares em 15 a 20 dias, mudando sua coloração do preto ao avermelhado e gradativamente adquirindo o tom verde, predominante no adulto. Estudos no norte do Paraná mostram que este percevejo também realiza três gerações na soja, de dezembro a fevereiro, passando o restante do ano com mais duas gerações em anileira e uma em feijão.

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Percevejo pequeno (Piezodorus guildinii).

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Percevejo pequeno (Piezodorus guildinii).

PERCEVEJO MARROM (EUSCHISTUS HEROS)

O percevejo marrom, E. heros, espécie rara nos anos 70, é hoje o mais abundante. Tem a soja como seu hospedeiro principal. Adaptando-se às regiões mais quentes, é mais abundante do Norte do Estado do Paraná ao Centro Oeste, norte e nordeste Brasileiro.

O adulto apresenta dois prolongamentos laterais pontiagudos no pronoto (os espinhos). As ninfas têm coloração variada, desde o esverdeado ao marrom-escuro. Os ovos, de cor amarelada, em pequeno número (5 a 8 por postura), são depositados nas folhas e vagens da planta. Prestes a eclodir, os ovos apresentam uma mancha rósea. Como os dois percevejos anteriores, a fase de ninfa dura de 15 a 20 dias. As ninfas recém eclodidas permanecem sobre os ovos e mudam para o segundo instar, quando iniciam o processo alimentar. A partir do terceiro instar são mais ativas, iniciam a dispersão, tornando-se mais vorazes. Os adultos apresentam longevidade média de 116 dias, podendo viver por mais de 300 dias.

E. heros é encontrado na soja nos meses de novembro a abril, quando produz três gerações. Neste período pode se alimentar também de amendoim bravo, Euphorbia heterophylla L. Após a colheita da soja, pode se alimentar de feijão, carrapicho-de-carneiro, Acanthospermum hispidum DC, de girassol, Helianthus annuus L., e feijão guandu, Cajanus cajan (L.) Millsp., nesta última planta completa a quarta geração antes de entrar em dormência (diapausa) sob folhas mortas caídas no solo e restos de cultura, onde permanece até a próxima primavera. Esta estratégia permite ao inseto atravessar o período desfavorável (maio a novembro), sem se alimentar, vivendo às custas de energia (lipídios) armazenada antes de entrar em dormência. O fato do percevejo marrom permanecer sob a vegetação por cerca de sete meses, permite escapar do ataque de parasitóides e predadores na maior parte do ano, resultando em maior sobrevivência e favorecendo a sua abundância.

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Percevejo marrom (Euschistus heros).

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Percevejo marrom (Euschistus heros).

PERCEVEJOS BARRIGA-VERDE (DICHELOPS SP.)

Os percevejos barriga-verde são espécies que ocorrem na soja em número menor. Os adultos medem de 9 a 11 mm e sua coloração varia entre castanho amarelado ao acinzentado, apresentando o abdome verde. A cabeça é típica, terminando em duas projeções pontiagudas e o pronoto com margens anteriores denteadas e expansões laterais espinhosas. Esses percevejos tem sido observados em lavouras de milho danificando plantas jovens, causando o amarelecimento e lesões punctiformes nas folhas. Danos semelhantes tem ocorrido também em trigo, mas em menor intensidade.

São duas espécies principais, Dichelops melacanthus presente em regiões mais quentes desde o norte do Paraná até o Centro-oeste e Dichelops furcatus presente em regiões com clima mais frio compreendendo desde o sul do Paraná até o Rio Grande do Sul.

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Percevejo barriga-verde (Dichelops sp.).

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Percevejo barriga-verde (Dichelops sp.).

AMOSTRAGEM E NÍVEIS DE DANO

Para estimar a quantidade de percevejos na cultura da soja usa-se o ‘pano de batida’. Este método consiste de um pano ou plástico branco, de 1m de comprimento e largura adaptável ao espaçamento entre as fileiras de soja, contendo um suporte de madeira nas bordas laterais. O pano enrolado é colocado entre duas fileiras, com cuidado para não perturbar os insetos. Desenrola-se até encostar nos caules das plantas, inclinando-se as mesmas sobre o pano, batendo-se vigorosamente para que os insetos caiam. Os percevejos são contados e o resultado anotado em ficha.

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‘Pano de batida’.

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‘Pano de batida’.

A vistoria na lavoura deve ser executada, no mínimo, uma vez por semana nas horas mais frescas do dia, a partir do início do desenvolvimento de vagens – R3 (fase de “canivetinho”) até a maturação fisiológica – R7. O monitoramento deve ser intensificado nos períodos mais críticos, ou quando ocorrer invasão de adultos provenientes de cultivares de ciclo mais curto. Nas amostragens deve-se identificar as formas jovens dos percevejos (ninfas), as quais a partir do terceiro instar são registradas nas fichas junto com os adultos.

Quando as plantas de soja forem altas e cultivadas com espaçamento estreito, formando um emaranhado e dificultando a queda dos percevejos no pano, recomenda-se bater as plantas em apenas um lado (=1 metro de fileira).

O nível de ação deve ser de 2 a 1 percevejos/m linear sendo que na prática tem sido adotado níveis de 1 a 0,5 percevejos / m Linear para lavouras de consumo e produção de sementes, respectivamente.

 MÉTODOS DE CONTROLE

CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL

Várias espécies de inimigos naturais são encontrados nas lavouras de soja, reduzindo as populações dos percevejos e mantendo-as abaixo do nível de dano econômico. Os parasitoides de ovos constituem o grupo de inimigos naturais mais importante. Vinte espécies de micro himenópteros já foram constatadas sendo Trissolcus basalis e Telenomus podisi os mais importantes. A maioria desses parasitóides atacam ovos de diversos percevejos. Algumas espécies mostram preferência, como é o caso de T. podisi, em relação a ovos de E. heros e de T. basalis em relação a ovos de N. viridula.

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Controle biológico natural (Trissolcus basalis).

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Controle biológico natural (Trissolcus basalis).

CONTROLE QUÍMICO

O controle químico é a principal ferramenta de manejo de percevejos na cultura da soja. Como exemplo, são registrados mais de 53 produtos comerciais para o controle de E. heros na cultura da soja. No entanto, estes produtos estão agrupados em apenas 3 grupos químicos com modo de ação distintos, os quais são o organosforados, neonicotinóides e piretróides. Dentro do grupo dos organosforados, o acefato é o principal produto empregado para o controle, seguido pela malationa, clorpirifós e fenitrotiona. Para o grupo dos neonicotinóides, inseticidas com os ingredientes ativos acetamiprid, dinotefuran, imidicloprid e thiametoxam, bem como o inseticida sulfoxaflor com o mesmo modo de ação dos anteriores vem sendo recomendados na maioria dos casos em mistura com os inseticidas do grupo dos piretróides composto pelos ingredientes ativos alfa-cipermetrina, bifentrina, beta-ciflutrina, cipermetrina, esfenvalerato, fenpropatrina, lambda-cialotrina e zeta-cipermetrina.

Embora existam poucos grupos químicos com modo de ação distintos e a pressão de seleção com inseticidas para essa praga seja alta, em média 3 a 4 aplicações na safra, falhas no controle devido a evolução da resistência ainda são pouco observadas.

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Controle químico.

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Controle químico.

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