Depois de alguns anos fazendo uso do controle biológico esporadicamente, as propriedades do Condomínio Ragagnin em Jataí e Montes Claros de Goiás, GO, passaram a utilizar agentes biológicos de forma mais contínua e planejada em suas lavouras de soja, feijão e milho há dois anos. “Percebemos algumas ineficácias das metodologias tradicionais de controle, como o químico, mas também estávamos buscando mais segurança do ambiente produtivo para quem manuseia os produtos e por causa dos resíduos”, explica Joel Ragagnin, gestor de produção do grupo.
Ragagnin conta que o primeiro passo foi saber mais sobre as tecnologias biológicas. Para isso, conversou com produtores do Grupo de Agricultura Sustentável (GAS), que atualmente conta com mais de 400 produtores, e buscou informações na Embrapa. “Procuramos exemplos. Dentro do nosso grupo não tínhamos muita experiência, então, no começo, usávamos como pacote, algo pronto, não como um sistema que precisa ser adaptado”. O início da implementação foi desafiador, até mesmo porque nem todos conheciam e acreditavam no funcionamento dos agentes biológicos. “Esse rompimento de barreira é mais difícil, porque temos a crença de que não é possível. Mas depois que começamos a utilizar a tecnologia, parece que a virada foi automática”.
Com o controle biológico em uso – associado a outros tipos de manejo, como o químico -, as compras de defensivos caíram 30%. E essa taxa pode aumentar mais nos próprios anos, de acordo com o sistema implantado nas propriedades, afirma Ragagnin. Além dessa redução, o gestor diz que, hoje, com a intensificação do monitoramento da lavoura, é possível controlar melhor o sistema produtivo e economizar também em outras etapas da produção, como na quantidade de sementes empregadas no plantio. “Mas os produtos biológicos têm custo mais elevado do que os químicos e exigem mais disciplina no trabalho a campo, além de mão de obra”, pondera. Para colocar em prática, foi necessário contratar uma equipe, principalmente para o monitoramento da lavoura, mas que também trabalha em outras funções. “Essa profissionalização me trouxe muitos benefícios, não tem nem como calcular”.
Apesar dos custos mais altos, Ragagnin afirma que a opção vale a pena e, em média, reduziu em 15% os custos de produção da fazenda. Isso, principalmente, porque diminuíram os gastos com químicos, além do operacional – menos aplicações resultam em menor uso de maquinário. “E é um valor significativo, pois os custos de produção estão muito elevados. Mas vale também porque conseguimos reduzir muito as situações de descontrole, quando tínhamos que fazer aplicações a toque de caixa”.
A adoção tem suas dificuldades, porém. “O sistema biológico depende muito do ambiente, e ele é variável. Perdemos o controle em algumas situações e tivemos que utilizar outros métodos, sendo o químico um deles, para manter o estado das lavouras”, conta o gestor.
Além de controle, principalmente de lagartas, o Condomínio faz uso de agentes biológicos com foco em aumento da produtividade. “Temos trabalhado com inserção de microrganismos no solo para melhoria do desenvolvimento vegetativo das plantas por meio da produção de hormônios ou aplicação de subprodutos de fermentação de bactérias, fungos, que fazem as plantas se desenvolverem mais sadias em substituição, por exemplo, à utilização de fertilizantes químicos”. Ainda não há, contudo, resultados finais sobre esse trabalho.
Para quem está pensando em começar a utilizar os produtos, Ragagnin recomenda procurar profissionais e conversar com quem já utiliza a tecnologia com responsabilidade. “E dê o primeiro passo. O produtor precisa experimentar, entender como funciona. Quando isso acontecer, a maioria vai querer continuar”.
Fonte: Portal DBO