MOSCA-DOS-ESTÁBULOS SE MOSTRA RESISTENTE A INSETICIDA

Descoberta foi feita por pesquisadores da Embrapa Gado de Corte durante testes com populações em Mato Grosso do Sul

Inseto ataca os animais causando desconforto. Foto: Antonio Thadeu Medeiros de Barros

Pesquisadores da Embrapa em Campo Grande, MS,  detectaram a ocorrência de resistência da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) à cipermetrina, inseticida do grupo dos piretroides. Produtos comerciais com este e outros acaricidas e inseticidas têm ampla ação e são utilizados em propriedades rurais no controle de ectoparasitos do gado, como a mosca-dos-chifres e carrapatos. A resistência foi detectada após a realização de experimentos em 2016 envolvendo populações de cinco municípios de Mato Grosso do Sul. Os pesquisadores advertem que produtos comerciais com o princípio ativo têm demonstrado eficácia reduzida em surtos do inseto.

“É de se esperar que ao longo dos anos ocorra a seleção de moscas resistentes, é uma seleção genética. A pesquisa confirmou que essa situação já é uma realidade complexa e de difícil reversão”, afirma Thadeu Barros, veterinário e entomologista da Embrapa, responsável pelo estudo de avaliação da suscetibilidade de adultos e larvas a inseticidas.

A descoberta de Barros e do médico-veterinário Paulo Cançado traz implicações não apenas para o controle da mosca, mas para outros estudos que envolvem monitoramento de populações e métodos de controle químico e biológico. “Muda o foco do nosso trabalho e a busca por uma solução fica mais difícil, porque essa ferramenta de baixo custo [a cipermetrina] poderia ser adaptada. Agora partiremos para uma solução, possivelmente, com custo e estratégias diferentes”, diz Cançado.

Barros relata que foi necessário capturar, com uso de armadilhas, moscas vivas em quantidade suficiente para testes em diferentes concentrações de inseticidas. Os experimentos (bioensaios) foram realizados tanto em populações de campo como na colônia de mosca-dos-estábulos mantida na Embrapa. Ao fim, todas as populações testadas, inclusive a da colônia, eram mais resistentes à cipermetrina que a população suscetível mantida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Kerrville, no Texas.

“As populações locais se mostraram de 5 a 28 vezes mais resistentes que essa colônia suscetível dos Estados Unidos”, pontua Cançado. Como inseticidas de um mesmo grupo têm estrutura química e modo de ação semelhantes, quando se detecta resistência a um princípio ativo, na verdade, a eficácia de todo o grupo a que o inseticida pertence já está comprometida, neste caso, os piretroides”, explica o pesquisador.

O estudo foi financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), com  apoio da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul).

O tamanho do problema – Desde 2008, há relatos de surtos de mosca-dos-estábulos em propriedades pecuárias próximas a usinas sucroalcooleiras, principalmente, na região sul de Mato Grosso do Sul. Desde então, devido à situação emergencial frente às infestações, houve um uso intensificado de inseticidas.

Agora, com a nova descoberta, os pesquisadores recomendam evitar o uso de produtos inseticidas do grupo dos piretroides no combate à mosca, pois sua eficácia está comprometida, pelo menos nas populações estudadas.A constatação de resistência em populações de diferentes municípios aponta para a disseminação do problema em todo o Estado.

Caso siga o mesmo padrão de comportamento, a resistência tende a seguir igual caminho em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, onde já foram registrados ataques severos do inseto, alertam os veterinários.

No vídeo, confira as principais medidas recomendadas para controle da mosca:

Pesquisas em andamento atacam diversas frentes – Além de avaliar os inseticidas, os pesquisadores também trabalham no desenvolvimento de uma plataforma eletrônica para monitoramento automatizado das populações do inseto, com disparo de alerta para a ocorrência de surtos. A plataforma já funciona de forma manual em duas usinas no país, uma em Minas Gerais e outra em Mato Grosso do Sul, e, segundo a Embrapa, os resultados são promissores.

Paralelamente, pesquisas sobre controle biológicobuscam espécies de microrganismos patogênicos às moscas, visando seu uso em estratégias integradas de controle.

Fonte:  Portal DBO / Embrapa Gado de Corte

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