Um dos maiores problemas em relação ao uso do controle biológico de pragasé a falta de informação. Para alguns agricultores o assunto ainda é um tabu, justamente devido ao desconhecimento das práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP). “Alguns produtores olham com receio e desconfiança o fato de você soltar outro inseto na plantação, mesmo que ele seja benéfico”, diz a professora e bióloga Elisete Peixoto de Lima, da Universidade Salesiana de Lins. Segundo a professora, é muito importante alertar aos produtores que há alternativas, além das tradicionais. “É preciso apresentar essas outras possibilidades de controle biológico, tanto a produtores quanto alunos que estarão na área futuramente”, reitera.
Treinamento e Informação
Na última segunda-feira (9), juntamente com agricultores da Cooperativa da Média Noroeste de Pirajuí, técnicos da CATI e da empresa PROMIP, foram realizadas atividades agroecológicas, com ênfase no uso do controle biológico aplicado no município de Pirajuí/SP. A engenheira agrônoma Débora Yuassa, Consultora Técnica de Vendas da PROMIP, palestrou aos alunos e agricultores presentes. “Tivemos uma conversa com os alunos e agricultores sobre o controle biológico de pragas em hortaliças, explicando, por exemplo, a ação do predador em determinadas culturas”, explica Débora.
Treinamento realizado pela Engenheira Agrônoma Débora Yuassa, Consultora Técnica de Vendas da PROMIP, para produtores de hortaliças em Pirajuí/SP. Foto: PROMIP.
Atividade teve origem no projeto de iniciação científica, elaborado pela professora Elisete, contempla o estudo do controle biológico do ácaro rajado na cultura do pimentão em ambiente protegido. Débora conta que a ação teve como objetivo demonstrar aos agricultores presentes novas ferramentas para o combate de pragas. “A maioria dos produtores utilizam apenas o agroquímico, nós explicamos que, dentro de uma caixa de ferramenta há diversas possibilidades para serem usadas. Se você liberar o predador preventivamente, é possível mudar a cultura do controle de pragas”, afirma. Foto: PROMIP.
O problema do pimentão
Desde 2008, o pimentão é tido como um dos vilões da mesa brasileira, segundo relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O MIP é uma alternativa para mudar esse status. “O uso do controle biológico é um começo para, na verdade, amenizar o efeito do uso excessivo dos agroquímicos, não apenas no pimentão, mas também do produtor que está constantemente em contato com o produto”, afirma Luís Paulo, produtor da hortaliça na Fazenda Santa Luzia, onde estão sendo realizados testes com o uso de ácaros predadores para o combate do ácaro rajado.
A parte prática do treinamento envolveu a visita a uma área de produção de pimentão onde a aplicação dos agentes biológicos foi demonstrada na prática. Foto: PROMIP.
A professora Elisete afirma que a maior dificuldade é de convencer que o custo-benefício da ação, em médio e longo prazo, é significativo. No entanto, os resultados alcançados, aliados aos treinamentos tem mudado o preconceito dos agricultores quanto ao método. “Após a palestra, vimos que há muitos produtores dispostos a utilizar o controle biológico, porém, alguns ainda ficam receosos, pois ainda não há resultados concretos em relação ao MIP em pimentões. Nós acadêmicos que sabemos das possibilidades devemos demonstrar que a ação será realmente benéfica”.
Em 25 de maio de 2014 uma matéria exibida no Globo Rural apresentou algumas soluções sustentáveis e eficazes para o manejo de pragas e doenças em pimentão, dentre estas o emprego dos ácaros predadores Neomip Max e Macromip Max para o controle do ácaro rajado e Stratiomip para o controle de fungus gnats, pragas-chave nesta cultura. Atualmente além dos predadores a PROMIP também disponibiliza as microvespas (Trichomip-P) para o controle de lagartas que atacam o pimentão.
Matéria exclusiva publicada pelo Portal de Manejo Integrado de Pragas (Promip) em 13 de maio de 2016.
Autor: Thiago Peres.