ENGENHEIROS AGRÔNOMOS INVESTEM NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS

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Roberto Konno e Marcelo Poletti, fundadores da PROMIP (Foto: Marina Salles/ Ed. Globo)

Marcelo Poletti, 39 anos, e Roberto Konno, 42, desenvolviam pesquisas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), quando decidiram colocar em prática os conhecimentos adquiridos na academia. Ambos são engenheiros agrônomos e fundadores da PROMIP, empresa criada em 2006 e especializada no manejo integrado de pragas.

Este ano, a PROMIP recebeu aporte de R$ 4 milhões do Fundo de Inovação Paulista. O fundo foi idealizado pela Desenvolve SP, instituição financeira do Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a Finep, Fapesp, Caixa Andina de Fomento e o Sebrae-SP.

Hoje, Marcelo e Roberto trabalham com três frentes de negócio: produção de agentes biológicos para o controle de pragas; desenvolvimento de pesquisas e criação de abelhas para a venda e aluguel de colmeias. A empresa está localizada em Engenheiro Coelho (SP), cidade a 170 km da capital do Estado.

Controle biológico

O controle biológico é o carro-chefe da empresa, sendo a principal linha de produtos direcionada ao combate do ácaro rajado, praga que ataca cultivos de frutas e hortaliças. O sintoma de infestação por essa praga se reflete nas folhas esbranquiçadas de culturas como o morango e o tomate. Sua ação reduz a área fotossintética das plantas com consequente perda de produção e qualidade.

A PROMIP trabalha com duas espécias predadoras do ácaro rajado que controlam as populações da praga sem gerar desequilíbrio ambiental. “Como os ácaros que comercializamos são predadores específicos do ácaro rajado, assim que a população da praga diminui, a curva do predador também cai em função da falta de alimento”, explica Marcelo.

Outra vantagem do controle biológico é que ele não é influenciado pela resistência das pragas. “Com o uso de agroquímicos, populações cada vez mais resistentes são selecionadas ao longo do tempo. Mas para o predador essa variabilidade não faz a menor diferença.”

Mesmo assim, para uso em lavouras com maior nível de infestação, a PROMIP disponibiliza produtos com ácaros mais agressivos. “Trabalhamos hoje com o NEOMIP e o MACROMIP. A única diferença entre eles é que o primeiro controla as populações de pragas em um período mais longo, enquanto o segundo promove o decaimento de grandes populações em um prazo menor.”

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O transporte dos inimigos naturais é feito em frascos vedados, nos quais os ácaros permanecem misturados a um mineral inerte chamado vermiculita. Segundo os fundadores da empresa, a validade dos frascos é de sete dias após sua expedição.

Atualmente, a PROMIP produz uma média de quatro mil frascos dos produtos por mês. Cada frasco custa de R$ 70 a R$ 90, a depender do preço estipulado pelas revendedoras espalhadas por diferentes regiões do país. É necessária a aplicação de cerca de 20 frascos por hectare para combater o ácaro rajado com eficiência.

Sobre a aplicação do produto, Marcelo comenta que a escolha pelo mercado de frutas e hortaliças facilitou o trabalho da empresa até agora. “Hoje a aplicação é feita manualmente, o que é viável dada a extensão dos terrenos de cultivo. Mas como queremos investir também no combate de pragas de lavouras de soja, milho e algodão, esse passa a ser, sem dúvida, um desafio.” Uma solução que está sendo estudada é a pulverização aérea dos predadores. “Nosso objetivo é oferecer esse tipo de serviço para, então, alcançar novos mercados”, afirma Konno.

No momento, apenas o NEOMIP, o MACROMIP e um produto para controle biológico de pragas de solo, o STRATIOMIP, foram regulamentados pelo Ministério da Agricultura. Demais produtos estão na fila para regulamentação enquanto é feito seu estudo em laboratório e em estufas localizadas nas intermediações da empresa.

Polinização

Recentemente, a PROMIP também passou a investir na criação de abelhas da espécie mandaguari. Essa abelha é nativa do Brasil e não possui ferrão. O objetivo da empresa é comercializar e alugar colmeias para aumentar a polinização nas lavouras.  A iniciativa conta com o apoio da Embrapa Amazônia Oriental e da Fapesp.

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Segundo Marcelo, tudo culmina para a viabilização do manejo integrado de pragas. “Estamos produzindo rainhas em laboratório para depois verificar a compatibilidade dos químicos com os agentes polinizadores. Hoje, a população de abelhas está diminuindo no mundo todo e o controle biológico pode ser um grande aliado para a sobrevivência dessas populações.”

No laboratório da empresa, tornam-se rainhas as abelhas que são alimentadas em maior quantidade. Na sequência, elas são soltas para realizar seu voo nupcional e então dar origem às primeiras colônias. Na sede da PROMIP, o desempenho das abelhas é acompanhado em um campo aberto. A expectativa dos empreendedores é produzir pelo menos cinco mil colmeias por ano

Por: MARINA SALLES – GLOBO RURAL – 26/09/2014

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