A Helicoverpa armigera é uma das principais pragas da agricultura, destacando-se nos últimos anos devido ao seu intenso ataque em soja, algodão, tomate, dentre outras culturas.
A praga foi identificada no Brasil em 2013, tendo sido o primeiro país das Américas a registrar ocorrência desta praga, conhecida como lagarta do velho mundo, devido sua existência no Sul da Europa, China e Índia.
Segundo estudo realizado (2013) pela UFG (Universidade Federal de Goiás), em parceria com a Fundação Mato Grosso, estima-se que os custos anuais com o manejo e perdas causadas por essa espécie seja de US$5 bilhões em todo o mundo.
No Brasil, durante a safra 2016/2017, houve um controle satisfatório da H. armigera na soja intacta que traz proteína Cry1Ac para controle de lepidópteros. Porém, na última semana constatou-se uma infestação desta lagarta em soja Bt na região de Chapadão do Céu/GO, com uma média de 11% de infestação, conforme apontado pelos técnicos da Fundação Chapadão.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Fundação Chapadão, Dr. Germison Tonquelsqui, esta não é a primeira vez em que este tipo de problema ocorre, já havia sido detectado ocorrências em milho e algodão em outras regiões.
“Em algum momento nós esperávamos que isto ia acontecer, na nossa região a população da H. armigera é bem resistente, mas ocorreu em uma área de escape. Agora nós acendemos uma luz de alerta, o produtor deve aumentar o monitoramento e se detectado uma quantidade acima do usual, tomar as providências corretas”, afirma Tonquelsqui.
Trichogramma contra a ameaça da soja
O Trichogramma é uma vespinha parasitoide de no máximo 0,5 milímetros, mas que tem grande poder para combater a Helicoverpa, o seu uso traz grandes vantagens, pois controla a praga ainda na fase de ovo antes que o dano a cultura ocorra, além disso não causa nenhum desequilíbrio e não deixa resíduos na cultura.
“O controle com o Trichogramma é um complemento às táticas de combate à Helicoverpa, é uma ferramenta que, caso haja aumento da população, pode ser utilizado para o bom controle da praga, em conjunto com outras ações”, explica Tonqueslqui.
Em geral, a mariposa da Helicoverpa deposita seus ovos nas folhas, frutos e pétalas. Seus ovos liberam um odor que atrai o parasitoide, que vai até o ovo parasitando-o, assim em vez de nascer uma nova lagarta, pode emergir até dois adultos do Trichogramma.
O Trichogramma pretiosium (Trichomip-P) é a espécie de Trichogramma mais recomendado para controle de lepidópteras como a H. armigera, segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária), a espécie, inclusive, em ensaios de campo, foi constatado sua preferência pela Helicoverpa armigeraem relação a outras espécies presentes na lavoura da soja (PEREIRA, 2016) na hora de escolher a presa para o parasitismo. Uma fêmea pode parasitar entre um e dez ovos por dia.
“O Trichomip-P é hoje uma realidade em grandes culturas e o produtor de soja sem dúvida alguma pode se beneficiar do uso desta técnica, os resultamos mostram que o parasitismo nos ovos de H. armigera ultrapassam os 80%, o controle é efetivo tanto de populações resistentes como não resistentes e a aplicação feita através de drones ou aviação agrícola adaptada garantem precisão e alto rendimento na liberação”, afirma Michel Nessrallah, Gerente Comercial da PROMIP.
Lagarta da Helicoverpa armigera. A praga causa prejuízos bilionários anualmente em todo o mundo. (Foto: Nelson Shiraga – Arquivo PROMIP)
Drone utilizado pela PROMIP para liberação de Trichogramma (Trichomip-P) em grandes culturas. (Foto: Arquivo PROMIP)